Mais um Blog excelente sobre a Ciência da Complexidade, com foco na visão da Realidade como Rede,
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Você está pronto para a complexidade?
Um artigo esclarecedor sobre o fenômeno da complexidade e sua influência nas organizações atuais.
Ver artigo completo.
Realidade e Complexidade
O que é a realidade? Provavelmente nunca encontremos
resposta para essa pergunta. A realidade não é apenas aquilo que percebemos por
nossos sentidos e inferimos por meio de nossa razão. Existem aspectos que
ficarão ocultos para todo o sempre.
A realidade segundo Capra é uma rede interações. Na mecânica
clássica para entender um sistema complexo basta decompô-lo em pedaços menores
e assim sucessivamente, até que dominemos as propriedades fundamentais dos
seus blocos de construção (elementos, substâncias, partículas, ...).
Num sistema complexo a dinâmica do todo pode ser entendida a partir das propriedades fundamentais e dos mecanismos de interação das partes. A relação entre o todo e a parte é mais simétrica. As propriedades das partes só podem ser plenamente entendidas a partir da dinâmica do todo.
Num sistema complexo a dinâmica do todo pode ser entendida a partir das propriedades fundamentais e dos mecanismos de interação das partes. A relação entre o todo e a parte é mais simétrica. As propriedades das partes só podem ser plenamente entendidas a partir da dinâmica do todo.
O todo é a coisa (fenômeno) fundamental, e uma vez entendida a sua dinâmica, pode-se então inferir as propriedades e os padrões de interação entre as partes. Na mecânica quântica a noção de parte (átomos, partículas, ...) não pode mais ser usada, no sentido clássico. As partes não podem mais ser bem definidas, elas mostram propriedades diferentes, dependendo do contexto experimental (todo).
A natureza, no nível atômico, não se apresenta como um
universo mecânico composto de blocos de construção fundamentais, mas sim como
uma rede de relações, e que em última instância, não há quaisquer partes nessa
teia de interconexões. O que quer que chamemos de parte (objeto) é meramente um padrão
que possui alguma estabilidade perante nossos limitados sentidos humanos e que
capta a nossa atenção.
A consciência da unidade e da inter-relação mútua de todas
as coisas e eventos (fenômenos) como manifestações de uma unidade básica, onde
tudo é interdependente, inseparável, onde tudo é percebido como padrões
transitórios (mudanças) de uma mesma realidade última, constitui a essência desse novo
paradigma.
O paradigma mecanicista clássico prega a existência de estruturas fundamentais (objetos) as quais, como consequência, originam forças e mecanismos por cujo intermédio interagem (interações), dando origem a processos. No novo paradigma o processo é que é fundamental sendo que cada estrutura observada é meramente uma manifestação de um processo (transformação) subjacente.
Na Teoria de Relatividade a massa é uma forma (manifestação)
de energia eliminando da ciência o conceito de substância material, e com ele
também o de estrutura fundamental. Na Teoria Quântica as partículas subatômicas não são feitas
de qualquer estofo material, são padrões de energia. A energia está associada
com atividades, processos, implicando na natureza intrinsecamente dinâmica das
partículas sub-atômicas. Ao observarmos partículas subatômicas nunca vemos
qualquer substância ou qualquer estrutura fundamental, o que observamos são
padrões dinâmicos, transformando-se continuamente uns nos outros – uma dança
contínua de energia. A realidade é
concebida em termos de movimento, fluxo, mudança, onde todas as formas são
continuamente criadas e dissolvidas.
A imagem do universo como uma máquina é substituída pela de
um todo interconectado, dinâmico, cujas partes são essencialmente
interdependentes e devem ser entendidas como padrões de um processo cósmico,
observados pelas limitações de nossos sentidos.
A fim de definir um objeto nessa teia de relações, abrimos
caminho através de algumas dessas interconexões – conceitualmente, e também
fisicamente, com os nossos instrumentos de observações -, e assim fazendo,
isolamos certos padrões e os interpretamos como objetos. Diferentes
observadores podem fazê-lo de diferentes modos. O que você vê depende da forma
como você observa. (Um elétron pode ser observado como uma onda ou como uma
partícula).
No paradigma mecanicista clássico existe a crença na
metáfora do conhecimento como uma hierarquia. Leis fundamentais como a base do
edifício do conhecimento. O conhecimento tem de ser construído sobre fundações
sólidas e firmes. Há blocos de construção básicas da matéria; há equações
fundamentais, constantes fundamentais, princípios fundamentais.
No novo paradigma as fundações do conhecimento científico,
nem sempre permanecem sólidas, elas podem se alterar repetidamente, se
movimentar, ou mesmo desmoronar. Nele acontece a substituição da metáfora da hierarquia
pela de rede. Assim como vemos a realidade ao nosso redor como uma rede de
relações, também nossas descrições – conceitos, modelos e teorias – formam uma
rede interconexa, representando os fenômenos observados. Nessa rede não haverá
nada primário ou secundário, nem quaisquer alicerces.
Na teoria “bootstrap” das partículas [Geoffrey Chew] o
universo material é uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Nenhuma
das propriedades de qualquer parte dessa teia é fundamental; todas resultam das
propriedades das outras partes, e a consistência global de suas inter-relações
determina a estrutura e o comportamento de toda a teia.
A redução da natureza a fundamentos surgiu na filosofia
grega juntamente com o dualismo entre espírito e matéria. A realidade é vista
como uma rede dinâmica interconexa de relações que inclui o observador humano
como um componente integrante. Quaisquer das partes dessa rede constituem
apenas padrões relativamente estáveis. De maneira correspondente, os fenômenos
da realidade são descritos em termos de uma rede de conceitos, modelos e
teorias, onde nenhuma parte é mais fundamental do que qualquer outra.
Se tudo está conectado, como podemos entender qualquer
coisa? Para explicarmos qualquer fenômeno precisamos entender todos os outros?
Isso não é impossível?
O que torna possível transformar a filosofia de rede em uma
teoria científica é o fato de haver conhecimento aproximado. Se nos
satisfizermos com um entendimento aproximado da natureza, podemos descrever
dessa maneira grupos selecionados de fenômenos, desprezando outros menos
relevantes. Assim é possível explicar muitos fenômenos em termos de alguns
poucos, e consequentemente entender diferentes aspectos da realidade de um modo
aproximado, sem ter que compreender tudo de uma vez só.
O paradigma mecanicista clássico baseia-se na crença da
certeza do conhecimento científico. No novo paradigma todos os conceitos,
modelos e teorias científicas são limitados e aproximados. A ciência nunca
poderá proporcionar um entendimento completo e definitivo. Os cientistas não
lidam com verdades absolutas, lidam com descrições limitadas e aproximadas da
realidade. “A ciência avança mediante respostas provisórias a uma série de
questões cada vez mais sutis, que vão cada vez mais fundo na essência dos
fenômenos naturais”. [Louis Pasteur].
Nenhum fenômeno isolado da realidade pode ser plenamente
explicado, mas podem ser experimentados em nossa limitada totalidade.
No paradigma mecanicista clássico: Francis Bacon, no século
XVII, afirmava que a natureza (realidade) tinha que ser “acossada em suas
vadiagens”, “sujeitada a prestar serviços” e “tornada uma escrava”, “ela deve
ser coagida” e “o objetivo do cientista é arrancar da natureza, sob tortura,
todos os seus segredos”.
Tudo isso representa um vínculo crucial entre a ciência
mecanicista e os valores patriarcais, que exerceu um tremendo impacto nos
desenvolvimentos ulteriores da ciência e da tecnologia.
Novo paradigma, a sabedoria, compreensão da ordem natural e
da vida em harmonia com ela, da intenção em dominar e controlar a realidade
para uma atitude de cooperação. “Aqueles que seguem a ordem natural fluem na
corrente do TAO”. [Capra]
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